quinta-feira, janeiro 31, 2008

Filhos...



A distância daqui aos nossos filhos…será igual, à que tivemos com os nossos pais?
serão as diferenças com eles, filhos, …proporcionais às distâncias com os nossos pais?

Que coisas fizemos nas costas dos pais… que agora não perdoamos à nossa frente…
…somos filhos a pensar como pais…? ou somos pais a pensar diferente...

será, então por isso, que a distância é bem mais curta entre os nossos filhos e os nossos pais…do que a nossa para eles…

Será que depois de sermos pais ....só nos reencontramos…sendo avós?

terça-feira, janeiro 29, 2008

O Estado...




O que é que aconteceu…?
O que é que adormeceu…?

è a vida que anda mal dormida…
inactiva…
ansiolíticada...
…e nós perturbados…
com ela, mumificada…
enquanto…
preservativamo-la, protegendo-a da doença
da sua continuidade…
sossegados…sentados no sofá, de zapping na mão…imbecis…
a contar os actos…de quando éramos passados…
que há muito deixaram de ser de factos
porque a memória os transformou…
em nados mortos…por nada…


de luto da luta…que, pelos vistos, perdemos…sem saber…
no tal round do sistema…que tanto queríamos mudar…
sempre a julgá-lo…sem juiz…nem juízo
contribuindo para a sua sustentação…
ao contrário do que pensávamos,
alimentando os sistemas…
de todos os esquemas…
que fazem de nós descartáveis…
anuláveis
pela nossa própria vontade…ou consciência…
de saber…que afinal…

…nunca fizemos nada…
que não fosse alimentar…
este estado…

Estado…de coisas…

domingo, janeiro 27, 2008

Meu herói...




Meu caro amigo poeta…
conforta-me…
a minha fortaleza, impede as palavras d’alma de entrarem…
e decidiu prender as minhas à pedra, para não saírem…

meu querido amigo herói…
ganha…vence esta batalha por mim…
já só tenho uma mão, amarrada a este papel…
cansado de não ser nada…importante…


liberta-me das minhas próprias vozes…
deixa-me vazio…apenas com o sentido…
que impede o meu ser...de sair, sem sentimentos…
e deixa que os meus gestos de mudo…
não tenham explicação…

meu querido companheiro
paga-me uma cerveja…
mas, não me perguntes como vai a vida…
se quiseres, diz-me como corre a tua…
terei ouvidos…para ti…
mas não palavras…

deixa-me perdido nas emoções…
por que deixarei todas as palavras para tu escreveres…
Meu caro amigo poeta….

terça-feira, janeiro 22, 2008

Vidros embaciados...

As minhas janelas estão embaciadas…
tão embaciadas...que não sei o que se passa lá fora…

embaciadas…e cheias de humidade...
é a diferença de temperatura...o interior versus o exterior…
o meu frio…e a temperatura de fora…

e não consigo escrever, neste embaciado…
as gotas de água...estão do lado de lá.

as minhas janelas…já as limpei, por dentro…
mas não desembaciam…
não é nítido…nunca será…

…se alguém estiver lá fora…não sei quem é…não consigo ver…
…e se alguém estiver lá fora…a ver-me…
ver-me-á em silhueta…em vulto…sem nitidez…
e não me reconhecerá…

eu sei…nunca conseguirei limpar a humidade do lado de fora…
por isso as minhas janelas estarão sempre embaciadas…




Santa Apolónia...



as chegadas…de um lado
as partidas…do outro…
e à porta…os que ficam…os sem destino…
os sem abrigo…

Santa Apolónia…
São os que chegam…
São os que partem…
São os que ficam…

são todos São…todos Santos…
por debaixo das vestes dela…da Santa…

como não acredito em Santos…
mas acredito na falta deles…
como não acredito em deuses…
mas acredito na falta deles…

…Santa Apolónia é apenas importante para os que ficam…
À porta…sentados no chão…sem destino…
ou sem dinheiro para os destinos…

perdidos pela fome…pela língua…
pelo olhar dos outros…
a fugir dos guardas…que querem despejá-los…
ao lado dos desesperados, na fila do LUx…
da Bica do Sapato…
dos modelos…dos importantes…
também eles sem destino…distintos…
mas sem bilhete comprado…

Será que é a Santa Apolónia que também os guarda?
…duvido…

domingo, janeiro 20, 2008

È defeito...?




O efeito dos defeitos que os outros nos fizeram…
hoje diferem dos males feitos, que eles nos têm feito…

Não somos indiferentes…mas estamos diferentes…
nada mudou…apenas se alterou…
já não faz o mesmo efeito…
são apenas defeitos…
desfeitos pela impressão que temos de nós…

E o efeito dos nossos defeitos…a quem a gente fez mal…?
nunca nos lembramos deles…
quase acreditamos que nunca foram feitos…
para terem importância de defeitos nossos…

Mas se foram feitos…
será que produziram o mesmo efeito…
que produziu em nós…o defeito deles…?

e será que foram desfeitos…pelo defeito que eles têm…de nos fazer mal…?
ou foram desfeitos… apenas porque os seus males…
já não fazem efeito…em nós.



...

sexta-feira, janeiro 18, 2008

,,,,vê lá tu



Carlos, vê lá tu…de todos os defeitos que tu tens…
…eu descobri, e mim um…

Carlos, vê lá tu…de tudo o que eu te critiquei…
acabei por descobrir, que me acusam de muito...
daquilo que te acusei...
mesmo sem saber tudo, o que é que é absurdo?
eu qfui um dos acusei...e que são os que hoje me acusam?

Carlos vê lá tu…dão me recados para dar-te…como tu gostavas…
mas que pena... eles não sabem, …que eu nunca voltarei…
a dizer-te o que eu sei…
que nunca serei com tu...

as pessoas confundem-me…
não percebem aquilo que sou…e não entendem que tudo o que sei
tenho de mim…várias impressões…

mas Carlos vê lá tu…o que mais me mete impressão…
é ter te acusado daquilo que não sei…
não percebem, que de ti nem a tua morada tenho…
e se alguma vez tive o teu numero… eu apaguei…

isso confunde-me…e não sei porquê…
não sei o que fizeste…sei que nunca perdoei…
e sei que não me perdoo-o…

de provavelmente ter o mesmo defeito que tu
vê lá tu…………

terça-feira, janeiro 15, 2008

Ok...tudo bem...



…e quando fizemos o que tínhamos que fazer?
…e mesmo assim sentimos que há algo para fazer…

…e quando achamos que já acabámos o que tínhamos projectado…
…e mesmo assim achamos que há qualquer coisa que está inacabado…

…e quando achamos uma boa causa…
…e depois descobrimos que é financiada pela GE

…e quando andamos a pagar impostos…
…e descobrimos que os ricos não pagam…

…e quando nos dizem que a asae é segurança alimentar e económica…
…e lemos que andam a ter treino militar ofensivo…

…e quando o governo é socialista…
…e descobrimos que a saúde é privada…

…e quando descobrimos um melhor amigo…
…e afinal ele é de plástico…

…e quando o dia chega ao fim…
....e vamos para casa, sem água para o banho…

…e quando achamos que vamos ter uma festa surpresa pelo nosso aniversário…
…e a casa está vazia, sem ninguém escondido…

…e quando sabemos que alguém nos enviou um e-mail…
…e a net cabo não funciona…

…e quando estamos cheios de sono…
…e na cama, não conseguimos dormir…

…e quando achamos que estamos mais magros…
…e pesamo-nos…

…e quando damos os pêsames…
…e afinal ainda não morreu…

…e quando achamos que tivemos uma ideia original…
…e lemos que a multinacional vai lançá-la…

…e quando o conhecemos como limitado…
…e ele é o novo grande homem do estado…

…e finalmente quando vamos às emergências com um principio de avc…
…e o médico, depois das análises, diz-nos que está tudo bem…



…e que apenas estamos deprimidos…
…e precisamos de descansar!

...

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Quando nos perdemos...




Há dias em que nos perdemos…
esquecemo-nos de nós num lugar qualquer…
e não sabemos onde…

por mais que tentemos reproduzir todos os passos que fizemos…
não conseguimos achar-nos…
procuramos por todo o lado…no meio de toda a desarrumação…
mas não nos achamos…

não há ninguém a ajudar, a encontrar…
ninguém nos procura...
devem sentir que estamos perdidos…e afastam-se…
eles próprios também tem dúvidas se são eles…
ou se foram achados…
confundidos...
desencontrados…
ninguém os ajudou nas vezes que se perderam…

mas quando finalmente nos encontramos…
percebemos que sempre estivemos ali…sempre á vista…
só que não nos reconhecíamos…quanto mais os outros…
estávamos tão perdidos…tão diferentes…como é que alguém reparava em nós…?
como seria possível darem-nos connosco…?



...

sábado, janeiro 12, 2008

Volta a fumar para mim...




é o cigarro…
o cigarro que ele não deixa…
e os outros que não o deixam fumar aqui…
ele está ali…fora daqui…
e não sei se está a olhar para mim…

sei que o olhar não é igual…
ao que ele tinha…
quando… fumava aqui…

eu a vê-lo, olho-o de frente…
mas este vidro embaciado…é a minha dúvida…
se ele consegue ver-me… a olhar para ali…

já não se fuma aqui…
e eu já não fumo, o fumo que ele soprava,
quando fumava aqui…

e se ele continuar a fumar?…terá sempre que o fazer ali…longe de mim…
ao frio…enquanto aqui ao quente…
o vidro se embaceia…


às vezes até penso em fumar… só para estar ali…
do lado de fora… ao frio… abraçada a ele…
à chuva…
de cigarro na mão…
a fingir que fumo…fumando apenas o que ele sopra para mim…

mas tenho medo…não sei se ele ainda olha para mim…
através do fumo…
de quando se fumava aqui…




...

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Falhar por falar....




Desculpem-me…
mas…estes dias falei muito…
gastei todas as palavras ao falar…
e agora não tenho palavras…para escrever..

comecei a despejar palavras á velocidade do pensamento…
depois disse muitas coisas, que nem sequer foram pensadas…
não houve tempo…foi extemporâneo…

falei e não sei o que disse…não me lembro…
fiquei só com as expressões de quem me ouviu…
mas todos acabaram por desistir…fugir...

telefonei-lhes mais tarde…não atenderam…
não entenderam, que eu só lhes queria dizer que falei demais…
e devo ter falhado…ao falar o que eu falei…

falhei…demais…

Se calhar tinha feito melhor em guardar as palavras que disse…e escrevê-las.
Quando as escrevo…sempre penso duas vezes no que digo….

falho…menos!

domingo, janeiro 06, 2008

...Luiz...- 1925-2008




«Quando a dor no peito me oprime, corre o ombro, o braço esquerdo, surge nas costas, tumifica a carótida e dá-lhe um calor que não gosto; quando a respiração se acelera em busca de uma lufada que a renasça, o medo da morte da morte afinal se escancara (medo-mor, tamanha injustiça, torpeza infinita), aperto a mão da Irene, a sua mão débil e branca. Quero acordá-la. E digo: «Não me deixes morrer, não deixes...». Penso para comigo, repito para me convencer: «Esta pequena mão, âncora de carne em vida, estas amarras suas veias artérias palpitantes, este peso dum corpo e este calor, não me deixarão partir ainda...» E aperto-lhe a mão com força, e acabo às vezes por adormecer assim, quase confiante, agarrado à sua vida. Ah, são as mulheres que nos prendem à terra, a velha terra-mãe, eu sei, eu sei! São aquelas que nos salvam do silêncio implacável, do esquecimento definitivo, elas que nos transportam ao futuro, à imortalidade na espécie (nem teremos outra) pelo fruto bendito do seu ventre (eu sei, eu sei...).»

Luiz Pacheco in "Comunidade"

Esqueci-me...



esqueci-me da password…
não consigo entrar na realidade.

passo a vida a usar a memória…mas ela cansou-se…
ou terá desistido...?
acho que quer cobrar as vezes que a usei...
e abusei…até ao limite da sua capacidade…

a minha memória é mulher…
deve ser por isso que, agora, me dá este presente…de presente….
sem código…

todas as mulheres são assim…
cobram pela concepção, pela criação e pela produção…
pela maternidade…e educação…
têm uma cópia da nossa palavra passe…
…para a realidade…
mas não dão…para nos ter na mão…
sem a nossa imaginação.

sem Pass…Word, não consigo entrar…
estou sem ambiente de trabalho…
sem contactos…
sem mensagens…
sem as minhas imagens…
sem as minhas músicas…
sem as minhas contas…sem os meus contos…

partidas da minha memória…que só ela sabe fazer…
fá-lo para mostrar a sua importância…
para rir do meu desespero…da minha perdição…

devia ter feito “backup’s”… mas nunca fazemos…
devia estar protegido...mas não sabemos…
devia gravar os meus dados…guardá-los…
esconde-los… da minha memória…

….mas nunca nos lembramos…
….armadilhas da nossa memória…

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Dispara...



Diz pára…se quiseres…
e eu disparo…se querer…
não será por dizeres…eu não disparo sem querer…

tenho crer…diferente dos teus creres…
acredito no meu ser…tu noutros seres
só digo pára, se disparares…mesmo sem quereres…

e quando disseres pára…e for um ultimato,
o último “diz pára”… a quereres…
crês que eu dispare mesmo?
ou achas que direi para parares de fazeres…
com que eu um dia dispare…a querer!

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Dança...



..." - Infelizmente, sim, o relógio continua sempre a andar e as horas passam a grande velocidade. O passado aumenta, o futuro diminui. À medida que diminuem as possibilidades, aumentam os arrependimentos."

in Dança, Dança, Dança de Haruki Murakami
...

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Deixar...

…deixar um lado para trás…é partir
…dividir em partes…
partes de lados partidos…
…partidos aos pe da ços…
es pa ça dos...deixados...divi didos em lados...

…deixar para trás…é seguir em frente…
…é largar pedaços... de cá, lá
…lá, ao lado...
... dos lados lá de trás…

...todos os lados que partem…são pedaços,
...pe da ços...parti-dos, aos bocados...
…lá pró lado de trás…
... virados para a frente.