sexta-feira, março 28, 2008

Só ilusões...





Dei por mim a olhar-te…como sempre, só com o meu olhar…
Dei por mim parado…como sempre, a pensar-te…à minha maneira…
Dei por mim a desejar-te…como sempre, só com o meu desejo…
Dei pela tua existência…como sempre através do meu ser….

Mas como sempre…depois de uma gota de chuva…
A água mexeu-se…em perturbação…
Pequenas ondas…que desfocaram a tua imagem…
e…
Roubaram-me o meu reflexo…projectado no teu rosto…
Tiraram-me a emoção…de imaginar-te ser…
Um ser com o eu…

Estavas deitada no leito de um rio…de água minha…
E tudo o que eu via de ti…só tinha o olhar meu…
e
O reflexo que me confundia…era apenas a imagem do eu…

Se não fosse aquela gota de água…- que perguntaste se era poesia…,
Como é que eu descobria, que tudo o que via…era uma imagem irreflectida…
De um reflexo meu…


Se não fosse aquela gota de água...
Como é que eu sabia, o tanto que nos diferencia…
O mundo fixe teu…
E o que não se fixa…como o meu.

domingo, março 16, 2008

detalhes...bocados de pedaços...



…mais uma vez…de tantas vezes…perdi-me…
perdi-me nos meus actos, por entre as minhas palavras…
nas minhas emoções…
…mais uma vez…de tantas vezes…para onde virar?

de tantas vezes rodopiar…não sei se sou eu, o movimento…
ou se estou parado, no centro de um tormento…
onde o vento se espalha…e desfaz em detalhes...
todos os pedaços já despedaçados…
de outros tantos bocados…partidos...
meus…

são bocados que já estiveram a mim agarrados…
depois de terem sido concebidos...
entre destroços…que herdei...
e que nunca foram meus...


…por mais que leia o que escrevo…não me percebo…
por mais que viaje em mim...mais me afasto…

e mesmo quando fico quieto…
só me devolvem pedaços…que não são meus…
porque não se encaixam…em nenhum momento só meu…

parado…agarrado apenas a um último bocado…
à boleia deste turbilhão…
à espera de ser arrastado para o outro lado…
no sentido contrário da estrada…

...e aí, olhar o vento…de frente…
recolher…todos os bocados…
espalhados…que voam no sentido do eu…
mesmo se não forem todos meus…
que se encaixem…
no último bocado…pedaço...
de detalhe, ínfimo...
...do meu ser!

quinta-feira, março 13, 2008

Histórias...ou contos...



Quantas histórias já contámos…?
será que tem conta…?
Quantas histórias já ouvimos…?
será que se escrevem…?

Gostamos de histórias…nascemos a ouvi-las…
guardamo-las com a esperança de um dia as podermos contar…
…e todas as histórias que nos contam, ouvimo-las com o nosso olhar…
…e quando as contamos, dizemo-las como se fossem nossas…
como se tivessem vida…vivida por nós…

…mas são histórias…e todas as histórias que gostamos de guardar…
são de alguém…a quem aquela história lhe cai bem…

não damos importância à realidade…apenas aos contos…
não damos importância aos protagonistas…apenas aos papéis…
não damos importância à fantasia…apenas fantasiamos…
e tudo que contamos, preocupamo-nos apenas pela ponta… a da verdade…

para nós o que faz de um conto uma boa história…é acharmos que a podíamos ter vivido…
podíamos ter sido a personagem principal…
podíamos ser reconhecidos por sermos únicos…
…tão únicos que teríamos uma história para contar…

fazendo de conta…e fazendo contas…
as histórias são a nossa história…
a herança que queremos deixar…
é querer ser, o ser lembrado…
….pelas histórias que vão contar…
….acerca de nós
…mesmo que sejam mentira…

...É por isso que gosto das histórias dos outros…
…talvez hajam algumas em que eu entre…e assim seja lembrado.

segunda-feira, março 10, 2008

....Não se esqueçam de clickar nos três próximos posts...têm muito de mim dado por eles...


 
 
 
 
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ESTAS IMAGENS VIAJAM PELO POST:
PRETOS E BRANCOS....click...



 
 
 
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A pretos e brancos




…ontem descobri por que gosto de ti…
vi-te num bar em Alvor…
no meio de amigos, há muito perdidos do mundo…
conhecidos de mim, nos tempos por onde não passei…
encontrados por acaso,
…num lugar de encontros…
…um bar cheio de abraços grandes…
daqueles onde me gosto de esconder…
…um bar de alma fumada…e retratos de pretos…
…do Bob, do Jimi, do Martin, do Biko…
Mandela, Gil…Tosh
e de brancos…
…da Janis, do Lennon, Dylan, do Jagger…Cat…

…mas um bar onde estavas a cores…branca…
e com a voz, que eu sei de cor… negra…


arrepio de pele…em movimento, lento…
como o vento…suave de Alvor…
arrepio de ti…de olhar triste e distante…
tão longe…e tão perdido…
que me apetecia dizer-te,

Amy, se tu soubesses que te vi em Alvor…
num lcd a cores,
num bar de pretos…e…brancos, cheios de côr
e tu como sempre…branca …


 
 
 
 
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sábado, março 01, 2008

Lá na rua...



Já revisitastes a rua que te viu nascer…
…ou aquela que te viu crescer…
a correr…em direcção adulta…

Já revisitastes as escadas dos prédios que te esconderam…
quando era às escondidas…
ou os degraus, das portas, de pedra fresca…
molhados com o suor de ser avançado…
ou precoce...

Já voltaste ao muro cinzeiro dos teus primeiros cigarros…
ao canto das mijadas…
ao terraço dos sonhos…
às janelas dos nus…
ou à atascada de barro, quando chovia…

Já voltaste a sentir o peso de uma pedra da calçada…
atirada para um quintal ou uma mansarda…
ou o peso da responsabilidade…
quando faltavas às aulas…
ou fugias de casa…

…e já voltaste a ter aquela sensação…de ser apanhado…
sempre no sitio errado…e ralado por isso…
calado...

…já?...
...eu ainda não.