quarta-feira, abril 30, 2008

A minha terra, não tem limites



a minha terra não tem limites…
não sei onde começa…não sei onde acaba…
não sei onde fica…não sei por onde anda…
..mas sei quando estou na minha terra…

encontro-a pelo cheiro…
pela doçura dos gestos…
nos sorrisos abertos…
nos olhos vermelhos…

vejo-a nas pegadas de pés ásperos…
nas palmas das mãos de riscos escuros…
no pedaço ferido da desilusão…
no esquema da ilusão…
na preguiça pelo futuro…

sinto-a marcada por passados…
muito poucos dela…nunca por ela…
estou nela perdido pela fome de sobreviver…
e
resignado por todas as razões…que a razão nunca explicou…

…mas é sempre a minha terra…
esteja ela no pólo norte ou abaixo do equador…
venha por oeste ou por leste…

a minha terra não tem limites…
mas tem cor…


…é preta…!

sábado, abril 26, 2008

O ar... deste tempo



Como sabe bem este tempo…
Não sei se é do ar…
Se é do tempo que ele leva a respirar…
Ou será do ar com que ficamos…quando temos mais tempo…
…para saborear…

Como sabe bem o sabor deste tempo…
Cobre a nossa inquietude interior…
Não sei se escondendo-a…
Não sei se protegendo-a
Se apenas mudando-lhe o gosto…
e o ar…

…é geralmente com este tempo…
com este sabor a ar…
que desejamos remar…
para um mar…a sul…
onde a nossa imaginação…
seja como o nosso ser…
…e possa voar…!

segunda-feira, abril 21, 2008

Convicção....



Diz-me isso com convicção…
mesmo que seja mentira...
prefiro não ter a certeza…
…mesmo que seja verdade…
Surpreende-me…diz-me isso com convicção…
só para a minha emoção...

Dá-me a insegurança que me faz pulsar…
enche-me de dúvidas…só para eu continuar…
engana-me se precisares…
…mas convence-me que não o fazes…
para eu acreditar…

Surpreende-me sempre…
…nem que seja só para convencer-me…
…que ainda existo…para acreditar…
enquanto tu, só aí estás…para me enganar.

quarta-feira, abril 16, 2008

Quem paga...?



Há uma conta que costumo fazer…
quando faço de conta…
…“não desconto”…
não perdoou…

Há muitas contas…que contam…
que não vale a pena…contar
…”ser…ou fazer de conta”
não credito…

E quantas dessas contas…se forem bem contadas…
serão honestas…?
…quando as que dão para contar…e quais as que contam…
…são as desonestas…
não debito…

São contas de contos…incontabilizáveis…
Como as contas que as nossas emoções fazem…

depois de desfeitas…

são más contas…
...não fossem as nossas ilusões, elas próprias…
de fazer de conta…
...e as que deixam, em resto… a perca…
a conta que ninguém quer pagar…

essas…não se descontam…

…e mesmo que façamos de conta…
elas teimam em não se apagar…

quer queiramos…quer não…
…devemos contar com elas…!

terça-feira, abril 15, 2008

Faces...



Rostos…a face visível…face ao invisível…
nu… quando nos sentimos bem…
pintado… para nos sentirmos melhor…

Modificamo-nos para mudar...o rosto das coisas…
Modificamo-nos para esquecermos a cara…das nossas coisas…

Deixamos crescer o bigode…
Rapamos os pelos e cabelos…
Mudamos a cor…tatuamos…
Vestimos e despimos…o habitual e o original…
Rotulamo-nos…em classes…classificadas…
Pintamos os olhos…salpicamos os sinais…
Disfarçamo-nos…enganando-nos…
Escondemo-nos…atrás do parecemos…

Face a face…
disfarce…do que somos…
desejosos de ser visíveis…
notados…embora alterados…
mas com muita vontade de ser…e não desaparecer…
nunca deixar esquecer…
…visível…
…nem que tenhamos que dar…a outra face…

…a outra face…!

sexta-feira, abril 11, 2008

Mãos à espera...



Que mão é esta…que espera…áspera…
por ser macia…
e que sabe, não ser suave…
por mania de ser limpa…

Como muitos de nós…ásperos…
dependentes de detergentes…
que nos lavam demais…
e impedem-nos a macieza…

Limpinhos e asseados…
investimos em amaciadores…
que nos tornam mais secos e quebradiços…
mas sem odores…

Cheiramos a cheiro de outras coisas…
e não cheiramos a nada…
vivemos com receio dos que nos cheiram…
não cheirem eles o nosso verdadeiro cheiro…

Não seria esta mão mais suave…se não fosse tão limpa…
não seríamos mais macios…se nos sujássemos de vez em quando…

Não seríamos mais nós…
com mãos mais doces…mais macias…
se não tivéssemos tanto medo de as sujar…?

…pelos menos faríamos mais festas…

segunda-feira, abril 07, 2008

Vadio...vazio...



Há dias que ando vadio, daqui…
Vadio, porque vazio…
Há dias que o aqui, visto dali…
é invisível….desaparecido…
num sitio qualquer…

Quando nos sentimos assim…
fugimos de pensar…
de inspirar…
Respiramos apenas o pó que se levanta…
do chão que pisamos…

Desistimos...de falar…
mudamos…
De escrever…
Rasgando-nos…
E…desperdiçamo-nos por aí…
passando despercebidos, de nós…
ouvindo os nossos passos…sem eco…
…e, não regressamos…

Dias onde nos perdemos…
…sem nos conhecermos…
andamos…e não paramos…
perdidos pela razão de estarmos assim…
tão vazios…
tão vadios de nós…
que não pensamos.

terça-feira, abril 01, 2008

Wireless....




Ando doido à procura de wireless…
Um ponto wi-fi que me ligue à Internet…
Uma porta invisível que me ligue à Terra…

Tem que ser wireless…
Preciso de uma ligação sem fios…
Quero saber o que se passa lá fora...
Quero contar o que se passa cá dentro…

Sem fios…sem ficha…
sem estar preso...sem estar ligado a um terminal…

é a vantagem do wireless…
ligados…sem estarmos presos…
sem perder o contacto…

Claro que temos sempre que circular…numa área restrita…
Claro que não nos podemos afastar, muito… de um ponto…
Claro que sem pontos…há percas de sinal…

Com sorte, conseguimos… pontos casuais…
uma ligação sem estar trancada…
livre…
mas será sempre uma ligação insegura…pirata…
e podem violar todos os nossos dados…
podem transmitir-nos um vírus qualquer…

…o que esperar… de uma ligação ao acaso…
sem fios…
Wireless…
sem anti vírus…
apanhada num sitio qualquer…?

Ando doido à procura de um wireless…
hoje…
Dia mundial do Autismo…..