Acordei no meio da noite, no meio de um sonho… …por um toque a meio e a medo de um telemóvel meu… Acordei com falta de voz…com falta de luz…às apalpadelas… …encharcado de lençóis…perdido numa cama sem norte… Acordei e embaciei o visor do número privado… com um bafo d’aço de alambique cromado… Acordei a dizer “estou”…sem saber onde estava…onde tinha guardado os meus pés…onde tinha perdido a minha cabeça… Reflecti quando ouvi perguntar se estava a dormir…debaixo do tecto onde colei o meu último olhar, antes de dormir… Reflecti quando procurei um reflexo de lua que me iluminasse…através de uma aberta…mal fechada…na noite de ontem… Reflecti…mas não reconheci o “quem é que fala” que pronunciei…nem percebi o “é você?”…que ouvi…
Como podia eu perceber se era eu…se não sei o que sou… Como podia eu perceber se “estou lá”…se não sei onde estou… Como podia eu saber que horas eram…se eu acordei a meio… Como podia eu falar…se foi um engano.
O tinteiro da minha impressora que mais tinta me pede, é o do preto… O preto é a tinta que mais se gasta nas minhas impressões… Todas as outras cores vão se gastando… a cor preta gasta-se por si própria… Não há impressão sem preto… Nem branco…. Mas branco não precisa de tinta…nem tinteiro… o princípio é branco… a superfície é branca…é mulher e à superfície, é que se dá a primeira impressão… a que vale…a que causa…a que fica… e o preto é macho…é mancha… tem que marcar…delimitar…e assinar… o meu tinteiro sabe disso…e está sempre a pedir mais tinta… mais traço…mais regra…mais limite… mas o meu traço é grosso...esboçado e tracejado pela quantidade de impressões que eu ainda faço… à mão… sem a pressão… da minha impressora…