sexta-feira, outubro 31, 2003

Saí de casa e fui arrastado por uma onda enorme...

...tive que mergulhar na minha rua de águas turbulentas...de margens estreitas e de portas fechadas...
Fui arrastado em direcção ao centro da cidade...incapaz de vencer a corrente...

Tudo a boiar...carros...mobílias...candeeiros de rua...”outdoors”de publicidade...écrans de televisão...
Ainda tentei agarrar-me a um semáforo ou um poste qualquer...mas não consegui parar...
Completamente encharcado tentei tudo para não ser levado até ao rio...

No rio, as margens já não existiam...os barcos da Transtejo estavam no meio do Terreiro do Paço...
O Cais do Sodré tinha desaparecido...A ponte estava à tona d’água...
As vagas eram enormes e arrastavam tudo rio abaixo...

...e eu empurrado...arrastado...naufragado...até ao mar!!!

...já sem forças, sem folgo, tonto...transpirado...desesperado...
...finalmente acordei... numa noite de tempestade!




quinta-feira, outubro 30, 2003

É o inverno a chegar aqui...
O Instituto de Meteorologia prevê muita chuva...rajadas fortes...agravamento do estado do tempo...no mar, ondas de 7 metros...ventos a 140 quilómetros por hora...
É o inverno que chega e, como sempre, nós nunca estamos à sua espera.

Inconscientemente sabemos que ele está próximo...mas gostaríamos que ele se atrasasse mais um pouco...

Nós gostamos mais do inverno lá para o Natal...lá mais para o fim do ano...
Odiamos ter que levar já com ele.

O inverno quando chega, vem sempre com o mau tempo consigo...
e o mau tempo, como o nome indicia, é má companhia...

O inverno podia chegar só com o frio...ou só com o vento...ou só com a chuva...
Mas não...têm que vir todos...são amigos...actuam em grupo...e ele é o chefe.


Actuam em dias cinzentos...em becos com pouca luz...
Quando nos encontram gritam “mãos ao ar”,...como não estamos prevenidos, e temos pouca roupa, somos atingidos.
Ficamos feridos, prostrados, com uma constipação ou uma gripe espetada no peito...

Estamos sem impermeáveis...nem lenços de papel temos...
E mesmo que quiséssemos responder com um guarda chuva, dando-lhe umas marretadas, não o trazemos...não tínhamos previsto a sua chegada.


Depois de nos assaltar...põe-nos ao ridículo...dá-nos com chuva...molha-nos.
E nós molhados e ensopados ficamos com um ar miserável...com os cabelos escorridos...a roupa colada ao cadáver...

...e o inverno ri...embora pareça gozo ele apenas se diverte...
È traquina e infantil...é um menino feio...e esta maneira de ser é apenas a sua forma de chamar a atenção...

... tal como verão, há um lado bonito neste inverno, é preciso encontrá-lo!!!!









quarta-feira, outubro 29, 2003

Gripe...desespero...desinspiração...
Sem respiração...sem cheiro...sem sabor...
Cada palavra uma pancada...

Um toque no teclado um choque frontal...

Gripe...gripado!!!


terça-feira, outubro 28, 2003

Há um certo desassossego no ar...
Um desassossego contido...
sossegado por fora...tenso por dentro.

Sinal dos tempos...esta permanente falta de tempo...
O tempo que passa cada vez mais rápido...o tempo que voa.

É a sensação de estarmos permanentemente atrasados...
É a sensação de que há sempre um comboio que perdemos.


“Ah...se eu tivesse chegado mais cedo... se eu tivesse outra idade...
se fosse há uns anos atrás...
Ah...se eu soubesse...
Ah...se eu adivinhasse...!”

É um desassossego!!!




segunda-feira, outubro 27, 2003

Hoje estou a pensar em eleitos...os eleitos da nossa sociedade.

São eleitos porque são pessoas especiais...são pessoas com missão.
São especiais porque tem viver a realidade em vez dos que os elegem...
Têm uma missão importantíssima, estar lá...em vez de nós!

Eles são os comentadores...os críticos...os analistas...os políticos...os artistas...
os estilistas...os astrólogos...os bastonários...os presidentes...
os juizes...os policias...os apresentadores de televisão...
os fazedores de opinião...

A eles devemos muito...

São eles que vêem as noticias por nós...e depois explicam-nos como as devemos ver.
São eles que lêem os livros por nós...e depois dizem-nos os que devemos ler.
São eles que assistem aos espectáculos por nós...e depois dizem-nos os que não devemos perder.
São eles que ouvem os discos por nós...e depois dizem-nos os que devemos ter.
São eles que vestem as roupas por nós...e depois dizem-nos as que nos ficam “pa’ morrer”.
São eles que vão a todos os restaurantes por nós...e depois dizem-nos o que comer.
São eles que estão em todas as festas por nós...e depois dizem-nos que um dia, como eles havemos de ser.
São eles que estão em todos os jogos de futebol...e depois dizem-nos as jogadas que sem eles nunca poderíamos ver.
São eles que vão ao estrangeiro por nós...e depois dizem-nos o sitio onde deveríamos viver.
São eles que têm a autoridade por nós...e depois explicam-nos como devemos obedecer.


São os eleitos...
A nós coube-nos a missão de ser cegos... e a eles coube a missão de ver!








domingo, outubro 26, 2003

A hora mudou...alteraram o horário do dia...

A hora mudou e tivemos que fingir que não vivemos 60 minutos da nossa vida...isto, para não os viver duas vezes...
Tão simples...!

E se alterassem o nosso horário?... se houvesse a hipótese de poder mudar 60 segundos da nossa vida... Duas vezes por ano...

Uma vez teríamos que saltá-los...ou seja não vivê-los...hora de verão.
Outra vez ter a chance de vivê-los duas vezes...não necessariamente repeti-los...mas rectificá-los...vivê-los de outra forma...hora de inverno.

Para a hora de verão reuniríamos 60 minutos por ano que não gostássemos de guardar...deitávamo-los fora...não os viveríamos...deixavam de nos marcar negativamente.
Para a hora de inverno poder-se-ia escolher momentos maus que gostássemos de modificar...ou momentos tão bons que poderíamos vivê-los duas vezes.
Tão simples...

Seríamos outros passageiros...poderíamos escolher melhor o comboio onde gostaríamos de viajar...teríamos a hipótese de mudar de linha sempre que um percurso não fosse aquilo que estávamos à espera...
Poderíamos rectificar erros em vez de os disfarçar...tantas coisa que poderíamos começar de novo.

A hora mudou...mas não mudaram o nosso horário...!







sábado, outubro 25, 2003

O melhor que a chuva tráz, é aquilo que nos deixa quando parte...o cheiro a terra molhada.

Nunca gostei da chuva...mas adoro o tempo a seguir.
Normalmente é um tempo ainda com pouca luz...cheio de humidade no ar...
preguiçoso, desajeitado em ser dia...mas já sabendo a sol.

E para onde irá a chuva quando nos deixa estas cheias de cheiros a coisas molhadas?

Deve partir para o mar...
Tal como nós, deve ter um desejo permanente de partir...
deve desejar o mar, quando está em terra...
deve ansiar chegar, quando lá está...

Tal como nós tem um conflito permanente... a guerra entre as baixas e as altas pressões...entre a euforia e a tristeza...entre a alegria e o fado...

E quando os tempos são muito maus, há uma grande depressão.
É uma depressão por causa dos tempos que correm...são tempos confusos...escuros...tempestuosos...

...Então, desejamos partir - desistir...
...podíamos partir - destruir...
Muito gostamos nós de ansiar chegar a algum lado - sem sair daqui!

Enfim, o melhor que esta depressão trará, será aquilo que nos vai deixar quando partir...


...o cheiro a terra queimada!!!








sexta-feira, outubro 24, 2003

Mais uma carta...apetece-me publicá-la...
Um abraço.



Meu caro amigo:

Hoje ia a sair de casa e deparei-me com um carro a bater sucessivamente em todos os carros estacionados na rua.Divisei uma senhora aparentando aí uns quarenta e cinco anos de idade com bom aspecto.Que ás tantas parou.Bom -disse eu-a senhora está a fazer um AVC ou lago parecido. Deixa-me ir lá ver o que se passa. Enquanto pensava neste tema a senhora volta a arrancar com o carro e mantém-se neste jogo de ora á esquerda ora á direita ir batendo sucessivamente em todos os carros que ia apanhando. Atrás dela um cortejo de automóveis que não ousavam sequer passar por ela.O teu amigo que no dia anterior tinha estado numa de comandante sózinho na ponte de comando tinha deixado o veiculo de transporte na garagem e foi previdentemente para casa á boleia.O que se passou a seguir foi seguido com um pequeno lapso de tempo. A senhora em questão sem esboçar sequer uma travagem embateu de frente contra um camião a descarregar farinha de trigo. Podia ter sido contra um poste ou três crianças a atravessar a rua. Mas não parou ali porque o carro ficou completamente destruido.Mas se não estivesse tinha continuado.O impressionante foi o ar da senhora.Composta calma, altiva a enfrentar uma população a chamar-lhe tudo.Como se nada fosse.Lúcidissima.Estava sem comandante.Sem amigos.Sem rumo.Apeteceu-me brindar-lhe com um irish on the rocks.Tenha calma. Venha ao britannia que a gente trata disso. No bar.Escapou-me o momento.Esse. E o de mandar os cabrões dos cidadãos pró caralho. Que não estavam a perceber nada.Que não têm sequer a noção de desespero.E a policia,outra corja dee cabrões, que chegou entretanto.A pedir-lhe os documentos.E ela nem ali.E não pediram sequer ajuda médica. Que era o que lhe faltava.Foda-se meu.Um abraço do teu grande amigo
Hoje abri o dia como quem abre uma ementa...
Carne ou peixe...?
Abri o dia porque fui obrigado... um daqueles dias que nem é a carne, nem é o peixe...

É um daqueles dias que não sabemos se vai chover ou se vai fazer sol...
É um daqueles dias que não sabe a nada...
Está escuro mas não é noite...está frio mas não neva...

Hoje é um daqueles dias em que não sabemos o que havemos de vestir...
Não sabemos se já é inverno ou se ainda é outono...

Hoje é um daqueles dias igual a este país...não é carne, não é peixe...não sabe a país...não sabe...

Não sabe porque nós não sabemos...somos indecisos e passivos...

Não sabemos se vai chover ou se vai fazer sol...
Não sabemos o que é verdade e o que é mentira...
Não sabemos se somos ricos...ou se somos pobres...
Não sabemos se somos culpados ou injustamente condenados....
Não sabemos se é assim ou se é destino...
Não sabemos se temos que ser impermeáveis ou se basta ter um agasalho...
...e sobretudo já não sabemos se vale a pena...

Há dias assim...não são carne...não são peixe...tal como estas coisas que fazemos...

...já não têm importância nenhuma!!!



quinta-feira, outubro 23, 2003

A carta que o meu amigo comandante me enviou.
Obrigado e um grande abraço.


Meu caro :

Imagino que o teu amigo comandante fosse eu aliás tenho a certeza que sou.Fizeste bem em me provocar. Adoro provocações. As dos amigos.No sentido em que tenho de te responder.Vou fazê-lo sempre que a minha pobre inspiração mo permitir. Fica combinado.
Lanço o repto das tuas filosofias e respondo como o fiz a bordo do Britania (grande lugar de tertúlia).Com azedume. De uma tristeza profunda de não me poder refugiar em lugares que me provoquem algum prazer.Do mundo que me rodeia ser um mundo sem qualquer tipo de objectivo disponível.De nós proprios não encontrarmos algum prazer na vida (profissional) que levamos. A que aqui há uns tempos não muito longos nos dava essa fasquia que nos permitia ser moderadamente felizes e agir em consonância.Ficam amigos como tu e homens como o Miguel Veiga na ultima entrevista ao Expresso.Chamar tumor ao Dr. Portas é terrivel.Pode ser benigno.A ti e ao nosso comum amigo e á capacidade que ainda nos resta de sermos tão cúmplices ergo o meu" on the rocks "da ponte do nosso navio no grande mar da tranquilidade que ainda nos acarinha as faces e alivia a alma.CHEERS E QUE A ALMA SE PRESERVE E O RESPEITO NÃO SE ACABE. Entre nós claro. Todos.
Um abraço do teu amigo comandante de um tiro num barco de dois canos.









Como explicamos aos nossos filhos... o que sentimos....

A 1ª vez que ouvimos o The Dark Side of The Moon...
A 1ª vez que fumámos um charro…
A 1ª vez que fizemos amor...
A 1ª vez que gritámos Liberdade...
A 1ª vez que escrevemos um poema...
A 1ª vez que chorámos por ser preteridos...
A 1ª vez que dissemos “foda-se”...
A 1ª vez que gritámos com o patrão...
A 1ª vez que faltámos às aulas...
A 1ª vez que fomos a um comício...
A 1ª vez que fomos a um convívio...
A 1ª vez que entrámos num filme para maiores de 18...
A 1ª vez que roubámos o carro do pai...
A 1ª vez que nos embebedámos...
A 1ª vez que morreu um amigo...
A 1ª vez que pedimos para dançar...
A 1ª vez que saímos à noite...
A 1ª vez que não comemos bife com batatas fritas...
A 1ª vez que vestimos calças à boca de sino...
A 1ª vez que lemos o Eça...
A 1ª vez que fomos à Feira Popular...
A 1ª vez que beijámos na boca...
A 1ª vez que fugimos de casa...

Como explicamos aos nossos filhos, o que sentimos...quando eles nasceram...?

...pirosos...? ou será que estamos velhos.....!





quarta-feira, outubro 22, 2003

A PEDIDO AQUI VAI O ENDEREÇO PARA ONDE OS LEITORES DESTE BLOG PODEM ENVIAR E-MAILS.

TODOS SERÃO LIDOS...UNS SERÃO RESPONDIDOS...OUTROS PODERÃO SER PUBLICADOS.


www.gotasdeagua2003@hotmail.com


OBRIGADO
Ontem fui visitar um amigo comandante...
Descansava a bordo do seu navio de guerra “Britania”... sentado no salão nobre...Art Deco.
Fumava um Cohiba...bebia um Irlandês...ouvia “Autumn Leaves” pelo Miles Davis...
Descansava de mais um dia de grandes batalhas...e reflectia alto sobre esta grande guerra...

-“...isto não vai lá com filosofias!...Só lá vai com estratégia, tácticas militares... é preciso dar-lhes com fogo...descobrir os objectivos e atingir os alvos...acertar-lhes.”

De facto ele tem razão...vivemos em tempo de guerra...guerreamos por tudo e por nada...guerreamos no transito...guerreamos no trabalho...guerreamos no restaurante...guerreamos connosco mesmos!

Temos batalhas com amigos e inimigos...com pessoas que gostamos e com pessoas que odiamos...
Por tudo e por nada...
...Tudo para ocuparmos um lugar...o nosso lugar...
Tudo para nos mantermos vivos.... sobrevivermos.

O “Britania” é um navio de guerra...e o meu amigo é um verdadeiro comandante...
Mas eu ainda acredito neste pequeno blog... veleiro...
que navega ao sabor do vento...na expectativa de encontrar um porto seguro...

...sempre que houver uma pausa entre guerras!

terça-feira, outubro 21, 2003

Fantasia e realidade.
Tão simples com um abrir e fechar de olhos...
A realidade está nos telejornais...viola-nos a fantasia.
Fechamos os olhos para protegermo-nos, mas...é a realidade!

A realidade está cada vez mais dura...está feia...está cinzenta...
e às vezes dói...
A fantasia está cada vez mais bonita...cheia de cor...cheira bem
mas, está cada vez mais frágil...

Mais frágil porque está mais vulnerável...à realidade.

A fantasia está cada vez mais longe....foge-nos...esconde-se da realidade...
E nós, mesmo quando fechamos os olhos, já quase não conseguimos fantasiar...

É a realidade que está cada vez mais forte...!



segunda-feira, outubro 20, 2003

Os cientistas descobriram que
Há uma molécula do esquecimento...
Descobriram que para nos lembrarmos precisamos de esquecer!
Será que essa molécula controla o que vale a pena lembrar?...



Aqui estou eu a lembrar-me de todas as coisas que gostaria de esquecer...
Mesmo que nunca consiga lembrar-me das coisas que me esqueci.

De todas as coisas que eu já esqueci, há de certeza coisas boas...
coisas que me faziam bem lembrar...mas que sem saber porquê deitei fora...
Não me lembro... não sei que coisas foram.

Desconfio que terão sido coisas muito pequenas...talvez pequenas demais...
Coisas tão simples que foram fáceis perder...
Coisas tão insignificantes que não as consegui agarrar...
Fugiram entre os dedos.

Mas também podem ter sido coisas grandes...
grandes demais...
tão grandes que fui eu que as quis esquecer...fui eu que as deitei fora de propósito...

Terei sido eu ou...há uma molécula do esquecimento?



domingo, outubro 19, 2003

Encontrei um amigo, perdido à procura de emprego.
Pediu-me para eu encontrar quem procure um desempregado.
A verdade, é que é raro quem procure alguém sem emprego...

Quem procura empregados desconfia dos desempregados...,desconfia de quem anda à procura de emprego...perdido...!
Quem procura empregados confia mais nos que estão empregados...,acha que estão menos perdidos...estão menos desesperados.
Podem até ser mais caros...mas, afinal, as coisas melhores não são as mais baratas!

O meu amigo já sabe disso...ele próprio, nos períodos em que tinha um bom emprego, sempre que procurava alguém para empregar, preferia-os empregados...tinha mais confiança neles.

Mas agora que já perdeu o que tinha, um bom emprego...
pede-me que o ajude a encontrar por aí um empregador qualquer...., tão desesperado que aceite empregar quem esteja muito perdido por não ter onde trabalhar...barato, muito barato e que aceite fazer o que outros, que tem trabalho, não aceitam fazer.

Eu hoje encontrei um amigo perdido...
provavelmente daqueles amigos que não queria encontrar....
porque sei que está perdido....e porque sei que é difícil encontrar amigos...
que nos ajudem a encontrar empregos!

sábado, outubro 18, 2003

Lisboa – Sábado – Chuva – 2003...
The Bud Powell Trio – Strictly Powell – New York – 1956
Jameson – Master Selection – 18 anos – meu amigo Quim…
Alexandre O’ Neill – 1958 – “O Tempo Sujo”....
“Há dias que eu odeio
Como insultos a que não posso responder...”


bLOG!


Bud Quim – Jameson O’ Neill – Sábado Sujo – Strictly Chuva...
“Há dias que não posso responder...”
2003 – 1958 – 1956 - ....
....e eu... Selection de 59.

Bom blog para vocês também!

sexta-feira, outubro 17, 2003

Esta imagem pode ser miragem,
Mas a saudade tem uma idade já ida...

Da lembrança temos uma vaga ideia,
Já é o passado que nos engana a memória.

Procuramos fotografias antigas de palavras...
para voltar a postá-las em postais.
Gostaríamos de enviá-las sem destinatário...
palavras mudas...que mudaram com o tempo,
perderam-se quando foram ditas...
perderam o senso....
mudaram de sentido!

Para encontrá-las sugiro -
a mão atrás do pensamento...um olho fechado...
e o dedo no gatilho.

“Uma bela caçada às palavras perdidas”!


Hoje acordei com uma criança a dormir ao meu lado...
Tinha adormecido com ela a acordar....!

Enquanto ela dorme eu fico acordado,
...enquanto este lado do mundo escurece e adormece...
há alguém noutro lugar que se acende e desperta.

E a paz que eu sinto aqui acordado...
será que é por causa da guerra daqui do lado?

Será que a luz que aqui me ilumina...
foi eliminada noutro lugar?

...e esta inspiração que acho que é só minha,
terá sido perdida ou roubada......em algum lugar?


quinta-feira, outubro 16, 2003

quarta-feira, outubro 15, 2003

Voo de Voltar
Voo de Regresso,
Vou de outra Vez
Vou de Volta, "Vooltar",

Voltar à porta,
À porta de onde parti...e para onde eu voltei.
A uma porta que abre por dentro e para dentro,
para dentro do espaço que eu perdi no dia que parti...

E é uma porta com “P” de Portugal,
Com “Pês” preocupados com Público, com Partidos,
E Pouco com pessoas, “p” de Pessoa...Perdidas,

P de tinta preta...de pessoas presas, de Portugal para hoje...
De Putas, Pedófilos, Putos, Policias, Procuradores, de Portugal para hoje...
P de um país que cada vez que deixo atrás de uma porta,
Mais dificuldade tenho em regressar!....
Porra......!



terça-feira, outubro 07, 2003

Projecto...jecto...dejecto...
Projecção...acção.
Acto...jacto...já, urgente!
Imagem projectada...um projecto de imagem, sonho.
Um guião...um guia...uma luz, uma história.
Tema...ensaio...um refrão...uma personagem, a projecção de uma imagem.
Música...improviso...solo... uma composição, um acto de inspiração,
a tempo...a compasso,
ou,
um exercício absurdo sobre palavras!


domingo, outubro 05, 2003

Ensaio sobre palavras!
Entro e saio das palavras que palavro num terreno branco e terreno,
à espera que seja capaz de as cultivar, sem cultura específica,
e deixá-las crescer, deixá-las dar frutos,
Enfim agricultá-las para mais tarde viver á custa delas...

Viajo nas palavras como viajo no tempo...
Sem referências, nem portos de partida nem pontos de chegada,
“just for fun” fun de fanático... por paisagens estrangeiras;
paisagens que não conheço, mas lembro-me... ouvi muitas vezes os seus nomes!

Ensaio surdo sobre palavras que não são ouvidas,
Só detectadas por eco-grafia, ecos...de palavras,
Melhor, - Ensaios sobre embriões de palavras surdas,

Entro e saio das palavras,
entre...e saia “just for fun”!

sábado, outubro 04, 2003

Frequento com alguma frequência,
Um sítio onde as palavras ficam em sequência…
Viajo pela forma, sem formato nem gravata,
Só por ser decorativo e divertido…
- é um modo de estar na moda.
…e o divertimento é diverso,
nunca em verso,
para não ser poeta.

É um sítio onde a melancolia ambiente, não é a melodia
Mas sim o improviso de um já...

Frequento com alguma frequência,
Construções em descontrução
Falo com operários de músicas abatidos por desabamentos diversos,
Nunca em versos,
Operários e nunca poetas.

Clientes de sítios mal frequentados por palavras em sequência…
…não em verso

sexta-feira, outubro 03, 2003

As palavras crescem de tantas sementes que nós plantamos...
Sementes de diferentes origens e espécies...

Depois de molhadas e banhadas pelo tempo,
geram frases, muitos conjuntos de palavras...

palavras faladas para serem ouvidas,
escritas para serem lidas,
pensadas para serem traduzíveis.

Traduzíveis, em imagens, em sons, ou em música
em emoções ou sensações...
em intenções, em visões,

Mas a maior parte das vezes traduzíveis em coisas intraduzíveis... por palavras.

quinta-feira, outubro 02, 2003

Depois da noite, depois da chuva, depois do vento....
um dia fantástico de sol, um dia cheio de "bom tempo".

Normalmente é um dia brilhante, cheio de luz, cheio de cheiro...
onde as luzes não precisam de superfícies molhadas para brilharem,
onde as cores têm mais côr e a terra sabe mais a molhado.

Mas, depois de um dia brilhante, depois do sol, depois da bonança...
virá um dia fantástico de chuva, um dia cheio de preto e branco impressivo,
onde os brancos se confundem com os cinzentos e os pretos são duros e dramaticamente bonitos.

É a natureza que muda ou é o nosso olhar que se modifica?



quarta-feira, outubro 01, 2003

Este tempo é bom para mudar...
Pelo menos para mudar as coisas que conseguimos fazer sózinhos!


....Quantas coisas conseguimos fazer sem ajuda de ninguém?...