A distância daqui aos nossos filhos…será igual, à que tivemos com os nossos pais? serão as diferenças com eles, filhos, …proporcionais às distâncias com os nossos pais?
Que coisas fizemos nas costas dos pais… que agora não perdoamos à nossa frente… …somos filhos a pensar como pais…? ou somos pais a pensar diferente...
será, então por isso, que a distância é bem mais curta entre os nossos filhos e os nossos pais…do que a nossa para eles…
Será que depois de sermos pais ....só nos reencontramos…sendo avós?
è a vida que anda mal dormida… inactiva… ansiolíticada... …e nós perturbados… com ela, mumificada… enquanto… preservativamo-la, protegendo-a da doença da sua continuidade… sossegados…sentados no sofá, de zapping na mão…imbecis… a contar os actos…de quando éramos passados… que há muito deixaram de ser de factos porque a memória os transformou… em nados mortos…por nada…
de luto da luta…que, pelos vistos, perdemos…sem saber… no tal round do sistema…que tanto queríamos mudar… sempre a julgá-lo…sem juiz…nem juízo contribuindo para a sua sustentação… ao contrário do que pensávamos, alimentando os sistemas… de todos os esquemas… que fazem de nós descartáveis… anuláveis pela nossa própria vontade…ou consciência… de saber…que afinal…
…nunca fizemos nada… que não fosse alimentar… este estado…
Meu caro amigo poeta… conforta-me… a minha fortaleza, impede as palavras d’alma de entrarem… e decidiu prender as minhas à pedra, para não saírem…
meu querido amigo herói… ganha…vence esta batalha por mim… já só tenho uma mão, amarrada a este papel… cansado de não ser nada…importante…
liberta-me das minhas próprias vozes… deixa-me vazio…apenas com o sentido… que impede o meu ser...de sair, sem sentimentos… e deixa que os meus gestos de mudo… não tenham explicação…
meu querido companheiro paga-me uma cerveja… mas, não me perguntes como vai a vida… se quiseres, diz-me como corre a tua… terei ouvidos…para ti… mas não palavras…
deixa-me perdido nas emoções… por que deixarei todas as palavras para tu escreveres… Meu caro amigo poeta….
As minhas janelas estão embaciadas… tão embaciadas...que não sei o que se passa lá fora…
embaciadas…e cheias de humidade... é a diferença de temperatura...o interior versus o exterior… o meu frio…e a temperatura de fora…
e não consigo escrever, neste embaciado… as gotas de água...estão do lado de lá.
as minhas janelas…já as limpei, por dentro… mas não desembaciam… não é nítido…nunca será…
…se alguém estiver lá fora…não sei quem é…não consigo ver… …e se alguém estiver lá fora…a ver-me… ver-me-á em silhueta…em vulto…sem nitidez… e não me reconhecerá…
eu sei…nunca conseguirei limpar a humidade do lado de fora… por isso as minhas janelas estarão sempre embaciadas…
as chegadas…de um lado as partidas…do outro… e à porta…os que ficam…os sem destino… os sem abrigo…
Santa Apolónia… São os que chegam… São os que partem… São os que ficam…
são todos São…todos Santos… por debaixo das vestes dela…da Santa…
como não acredito em Santos… mas acredito na falta deles… como não acredito em deuses… mas acredito na falta deles…
…Santa Apolónia é apenas importante para os que ficam… À porta…sentados no chão…sem destino… ou sem dinheiro para os destinos…
perdidos pela fome…pela língua… pelo olhar dos outros… a fugir dos guardas…que querem despejá-los… ao lado dos desesperados, na fila do LUx… da Bica do Sapato… dos modelos…dos importantes… também eles sem destino…distintos… mas sem bilhete comprado…
Será que é a Santa Apolónia que também os guarda? …duvido…
O efeito dos defeitos que os outros nos fizeram… hoje diferem dos males feitos, que eles nos têm feito…
Não somos indiferentes…mas estamos diferentes… nada mudou…apenas se alterou… já não faz o mesmo efeito… são apenas defeitos… desfeitos pela impressão que temos de nós…
E o efeito dos nossos defeitos…a quem a gente fez mal…? nunca nos lembramos deles… quase acreditamos que nunca foram feitos… para terem importância de defeitos nossos…
Mas se foram feitos… será que produziram o mesmo efeito… que produziu em nós…o defeito deles…?
e será que foram desfeitos…pelo defeito que eles têm…de nos fazer mal…? ou foram desfeitos… apenas porque os seus males… já não fazem efeito…em nós.
Carlos, vê lá tu…de todos os defeitos que tu tens… …eu descobri, e mim um…
Carlos, vê lá tu…de tudo o que eu te critiquei… acabei por descobrir, que me acusam de muito... daquilo que te acusei... mesmo sem saber tudo, o que é que é absurdo? eu qfui um dos acusei...e que são os que hoje me acusam?
Carlos vê lá tu…dão me recados para dar-te…como tu gostavas… mas que pena... eles não sabem, …que eu nunca voltarei… a dizer-te o que eu sei… que nunca serei com tu...
as pessoas confundem-me… não percebem aquilo que sou…e não entendem que tudo o que sei tenho de mim…várias impressões…
mas Carlos vê lá tu…o que mais me mete impressão… é ter te acusado daquilo que não sei… não percebem, que de ti nem a tua morada tenho… e se alguma vez tive o teu numero… eu apaguei…
isso confunde-me…e não sei porquê… não sei o que fizeste…sei que nunca perdoei… e sei que não me perdoo-o…
de provavelmente ter o mesmo defeito que tu vê lá tu…………
Há dias em que nos perdemos… esquecemo-nos de nós num lugar qualquer… e não sabemos onde…
por mais que tentemos reproduzir todos os passos que fizemos… não conseguimos achar-nos… procuramos por todo o lado…no meio de toda a desarrumação… mas não nos achamos…
não há ninguém a ajudar, a encontrar… ninguém nos procura... devem sentir que estamos perdidos…e afastam-se… eles próprios também tem dúvidas se são eles… ou se foram achados… confundidos... desencontrados… ninguém os ajudou nas vezes que se perderam…
mas quando finalmente nos encontramos… percebemos que sempre estivemos ali…sempre á vista… só que não nos reconhecíamos…quanto mais os outros… estávamos tão perdidos…tão diferentes…como é que alguém reparava em nós…? como seria possível darem-nos connosco…?
é o cigarro… o cigarro que ele não deixa… e os outros que não o deixam fumar aqui… ele está ali…fora daqui… e não sei se está a olhar para mim…
sei que o olhar não é igual… ao que ele tinha… quando… fumava aqui…
eu a vê-lo, olho-o de frente… mas este vidro embaciado…é a minha dúvida… se ele consegue ver-me… a olhar para ali…
já não se fuma aqui… e eu já não fumo, o fumo que ele soprava, quando fumava aqui…
e se ele continuar a fumar?…terá sempre que o fazer ali…longe de mim… ao frio…enquanto aqui ao quente… o vidro se embaceia…
às vezes até penso em fumar… só para estar ali… do lado de fora… ao frio… abraçada a ele… à chuva… de cigarro na mão… a fingir que fumo…fumando apenas o que ele sopra para mim…
mas tenho medo…não sei se ele ainda olha para mim… através do fumo… de quando se fumava aqui…
«Quando a dor no peito me oprime, corre o ombro, o braço esquerdo, surge nas costas, tumifica a carótida e dá-lhe um calor que não gosto; quando a respiração se acelera em busca de uma lufada que a renasça, o medo da morte da morte afinal se escancara (medo-mor, tamanha injustiça, torpeza infinita), aperto a mão da Irene, a sua mão débil e branca. Quero acordá-la. E digo: «Não me deixes morrer, não deixes...». Penso para comigo, repito para me convencer: «Esta pequena mão, âncora de carne em vida, estas amarras suas veias artérias palpitantes, este peso dum corpo e este calor, não me deixarão partir ainda...» E aperto-lhe a mão com força, e acabo às vezes por adormecer assim, quase confiante, agarrado à sua vida. Ah, são as mulheres que nos prendem à terra, a velha terra-mãe, eu sei, eu sei! São aquelas que nos salvam do silêncio implacável, do esquecimento definitivo, elas que nos transportam ao futuro, à imortalidade na espécie (nem teremos outra) pelo fruto bendito do seu ventre (eu sei, eu sei...).»
esqueci-me da password… não consigo entrar na realidade.
passo a vida a usar a memória…mas ela cansou-se… ou terá desistido...? acho que quer cobrar as vezes que a usei... e abusei…até ao limite da sua capacidade…
a minha memória é mulher… deve ser por isso que, agora, me dá este presente…de presente…. sem código…
todas as mulheres são assim… cobram pela concepção, pela criação e pela produção… pela maternidade…e educação… têm uma cópia da nossa palavra passe… …para a realidade… mas não dão…para nos ter na mão… sem a nossa imaginação.
sem Pass…Word, não consigo entrar… estou sem ambiente de trabalho… sem contactos… sem mensagens… sem as minhas imagens… sem as minhas músicas… sem as minhas contas…sem os meus contos…
partidas da minha memória…que só ela sabe fazer… fá-lo para mostrar a sua importância… para rir do meu desespero…da minha perdição…
devia ter feito “backup’s”… mas nunca fazemos… devia estar protegido...mas não sabemos… devia gravar os meus dados…guardá-los… esconde-los… da minha memória…
….mas nunca nos lembramos… ….armadilhas da nossa memória…
Diz pára…se quiseres… e eu disparo…se querer… não será por dizeres…eu não disparo sem querer…
tenho crer…diferente dos teus creres… acredito no meu ser…tu noutros seres só digo pára, se disparares…mesmo sem quereres…
e quando disseres pára…e for um ultimato, o último “diz pára”… a quereres… crês que eu dispare mesmo? ou achas que direi para parares de fazeres… com que eu um dia dispare…a querer!
..." - Infelizmente, sim, o relógio continua sempre a andar e as horas passam a grande velocidade. O passado aumenta, o futuro diminui. À medida que diminuem as possibilidades, aumentam os arrependimentos."
…deixar um lado para trás…é partir …dividir em partes… partes de lados partidos… …partidos aos pe da ços… es pa ça dos...deixados...divi didos em lados...
…deixar para trás…é seguir em frente… …é largar pedaços... de cá, lá …lá, ao lado... ... dos lados lá de trás…
...todos os lados que partem…são pedaços, ...pe da ços...parti-dos, aos bocados... …lá pró lado de trás… ... virados para a frente.