Ouvimos o mata-borrão a proteger todas as palavras… … que foram ditas em silêncio, Ouvimos os gestos que tentaram simular…. …todas as expressões que foram tímidas, E apenas ficámos com saudades de todos os silêncios que deixámos fugir…. …só porque não tínhamos sítio para os guardar.
Triste… Não é dor…é tristeza… e tristeza é moinha…é impressão… impregna-se… esconde-se nos ossos… nos olhos… cega… nos risos…nos sorrisos… amachuca… alimenta-se da expressão…na escrita… no gesto de artista…
Tristeza faz frio…faz ferida… seca… greta a nossa pele…faz cieiro.. envelhece… risca o nosso rosto…ruga… rasga…sangra… liquidifica… e liquida…
Dizemos que gostamos de doce…porque o trago pede amargo Gostamos de amargo…só porque trás o desejo de doce… Gozamos o prazer do outro…pelo gozo de ser superior… Gostamos de ficar por cima…porque ficamos em contra luz… Sofremos a dor no acto não lubrificado...apenas para poder ser forte… Caímos da escada e dizemos que não dói…só para não dar a parte de fraco Dizemos que tivemos o maior orgasmo…quando dormimos secos… Fazemos amor…quando fazemos dor… Vamos de encontro às paredes… não acedemos as luzes com medo que nos vejam… Temos ciúmes… para fingir que ainda há alguém que nos pertence Acreditam em nós com a mão na bíblia…que nunca lemos… Dizemos tantas vezes o contrário…que não sabemos o lado direito da verdade… E a realidade é tão verdade…que lutamos pela mentira… …chamamos-lhe utopia… Criámos tantas estórias…que já nem nos lembramos em quais entrámos… Conhecemos tanta gente…só para escrevermos memórias… (e textos destes…) …que toda a gente gosta…porque ninguém lê.