sexta-feira, outubro 26, 2007

Janela

Um tribunal sentenciou a eliminação de uma série de janelas e varandas a um prédio no Porto. Estas invadem, há dezassete anos, o terreno vizinho onde se encontra um armazém térreo.

Na televisão, vi um homem contar que andou uma vida inteira a trabalhar para criar os filhos, dar-lhe uma educação, e juntar dinheiro para comprar um T1 naquele prédio. É um pequeno apartamento só para ele e para a mulher e serve perfeitamente para acabarem as suas vidas de uma forma tranquila.

Mas agora, já velhos e doentes, vão ficar sem a janela que o seu apartamento tem.


Vão demolir a varanda e tirar-lhes a janela…a única janela…
Vão tirar-lhes a vista…
Vão tirar-lhes o sol…
Vão tirar-lhes o ar…
Vão apagá-los…

Quantas vezes somos alheios às coisas que nos tiram a vista…que nos cegam…
Quantas coisas a que somos alheios de repente escurecem a nossa vida…
Tiram-nos o ar…
Asfixiam-nos
Apaga-nos…

…e quantas coisas destas nos dão uma raiva incontrolável...
…um desejo de pegar num martelo e desatar a partir…

…partir, partir, partir…

…e abrir de novo a janela.




0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial