sexta-feira, setembro 28, 2007

A ver o tempo passar

Ainda trago comigo os Sábados de Luanda…
Toda a gente trabalhava ao Sábado de manhã …e, também eu, tinha aulas no colégio até á uma.

Os sábados eram dias de se almoçar em casa de amigos e família.

As mulheres que não trabalhavam ou as avós, (as mães das que trabalhavam), iam de manhã à praça africana, e compravam o funge, os quiabos, o óleo de dédem, a folha da beterraba, a beringela, os quiabos…
A galinha, como era do quintal, apanhava-se antes de se começar a cozinhar…a avó torcia-lhe o pescoço e depois depenava-a…

Era no quintal que se punha uma celha, feita de meio barril,... enchia-se com o gelo, comprado directamente na fábrica…eram barra enormes e tinham de ser partidas à machadada…depois juntavam-se-lhe umas coca-colas, umas laranjadas e muitas cervejas.

Nunca sabíamos quem vinha ao almoço…seriam uns que foram avisados e muitos outros convidados por estes…
Nunca sabíamos a que horas era o almoço…e muito menos a que horas acabaria , se acabasse no sábado…

Comia-se imenso…ficávamos cheios de nódoas do azeite palma…ouviam-se as novas anedotas… ria-se imenso…falava-se de politica…bebia-se imenso…e dançava-se.
Normalmente era música africana e brasileira…mas ao meio da tarde, quando os corpos já pesavam, lembro-me de ver o meu tio, um apaixonado por música, ir ao gira discos, (um armário enorme, com rádio e altifalante grande incluído) e pôr uma música que fazia calar toda a gente…era como se aquela gente, de todas as idades e de todos os destinos, de todas as opiniões e de todas as fés, se reunisse á volta de um mesmo sentimento…
melancólico…
preguiçoso…
e lânguido…

…sabiam tão bem aqueles Sábados,

a ver o tempo passar...




0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial