segunda-feira, janeiro 12, 2004

Existo, sem desistir...
Mesmo que o faça sem vontade
Existo, sem desculpa,
Mesmo que por mim obrigado...
Existo, sem querer...
Mesmo que à sorte...
Existo....

Sinto-me, sentado numa margem...
margem de um rio que corre... enquanto o meu reflexo fica...
Observo a única coisa parada à superfície....
imagem minha, projectada...à tona d’água...
imagem minha irreflectida... espelhada...
invertida...
imperfeita...


Um dia...
faltará a força para lidar com esta corrente...
Mergulharei nesta água...
O meu corpo estará dentro...deixará a superfície...
e isso não produz reflexo...
O reflexo e a imagem serão o mesmo corpo...
Um corpo d’água...

Será arrastado...
sem vontade...
sem desculpa...
sem querer...
à sorte,
na direcção do mar...

Então,
A imagem...
O reflexo...
E o eu...
Deixarão de existir...desistirão, de enfrentar a corrente...

....partirão!





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